Santana do Paraíso será o município de maior desenvolvimento na região, aponta geógrafo
Geógrafo aponta que Santana do Paraíso será o município de maior desenvolvimento na região
Publicado em 02/03/2020 10:33 - Atualizado em 02/03/2020 10:40
(Foto: divulgação)
O geógrafo William Passos forneceu ao portal Diário do Aço dados referentes ao crescimento de municípios. Utilizando o método de estimação aritmética a taxas constantes, ajustado pelo fim da curva das Estimativas de População intra-censitárias do IBGE (caso dos municípios) e pelas Projeções da População do Brasil e das Unidades da Federação (caso do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil), ele calculou a Projeção Populacional das cidades do Vale do Aço para os próximos 30 anos (2020-2050).
De acordo com os dados, Santana do Paraíso será o município da Região Metropolitana que mais vai crescer (64,48%), saltando dos 35 mil habitantes para 58.267 e Ipatinga ultrapassará a marca de 350 mil habitantes em 2050. Juntos, os quatro municípios do atual núcleo metropolitano somarão cerca de 700 mil habitantes daqui a três décadas, atingindo cerca de 720 mil em 2050, com a inclusão de Belo Oriente.
“Nesse cenário, a reconfiguração da geografia da Região Metropolitana do Vale do Aço, com o alargamento do núcleo metropolitano e a inclusão de novos municípios, em conjunto com a integração planejada das prefeituras da região, sob a liderança da Agência Metropolitana do Vale do Aço, dando atenção especial à mobilidade intermunicipal e ao controle da especulação imobiliária, tornam-se ações fundamentais para a garantia da qualidade de vida da população em meio ao incremento da pressão demográfica. Assim que saírem os resultados do Censo Demográfico 2020, a Projeção Populacional dos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço será atualizada”, adiantou.
Para o geógrafo, a região não está preparada e nem tem consciência do que significa esse crescimento. Tal aumento da população virá acompanhado da intensificação da integração da região metropolitana, com o consequente incremento dos deslocamentos diários entre diferentes municípios, especialmente das pessoas que moram numa cidade e trabalham ou estudam em outra.
“Isso resultará em maiores congestionamentos e uma circulação de veículos mais intensa, resultando em mais poluição, buracos nas vias e demora maior para se chegar ao destino. Por outro lado, é importante destacar que nos próximos anos a população envelhecerá cada vez mais, pela redução do número de filhos. Isso mexe com uma série de coisas: da redução da demanda por vagas nas escolas e aumento da necessidade de médicos, enfermeiros e vagas nos postos de saúde e hospitais, até mesmo no futuro das profissões e do setor de comércio e serviços. Diminui a demanda daquelas que atendem a público mais jovem e aumenta a daquelas ligadas à terceira e até à quarta idade”, alerta.
Planejamento
William Passos acrescenta que é importante investir em transporte coletivo, estimular o uso da bicicleta e desestimular a utilização de carros e motos. “Além de melhorar os serviços de saúde, dando especial atenção à prevenção de doenças e ao envelhecimento saudável. Dar maior atenção à acessibilidade e à irregularidade do piso das ruas. Criar uma cultura de valorização dos idosos porque eles serão o nosso futuro. E, claro, fortalecer a integração das prefeituras sob a liderança da Agência de Desenvolvimento, que já existe, e a organização de um corpo técnico qualificado”, apontou.
Acompanhamento da Agência de Desenvolvimento
O chefe de Gabinete da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA), Renato Martins Ferreira, destaca que o dado de crescimento populacional não é acompanhado pela agência, mas sim as consequências, com previsões em cima disso.
“O planejamento é todo traçado em cima das pressões que existem dentro do território urbano. A gente fez um trabalho sobre a BR-381, que é o estudo do nível de serviços das vias e como a população cresce e se movimenta. Análise de conturbação das cidades (unificação da mancha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico) e análise de expansão. O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) trata de vários aspectos. O documento que foi elaborado pela agência e alguns pontos em relação ao arranjo populacional, são tratados no plano. Inclusive, temos particularidades dentro da RMVA, são cidades que tem mais população fora da sede que na própria. Bom Jesus do Galho tem população grande em Revés de Belém, que é mais perto de Ipatinga que da sede. A expansão de Jaguaraçu e Marliéria ocorre no sentido de Timóteo. Então, tem alguns pontos que o crescimento da população só vai evidenciar cada vez mais a região metropolitana como um todo. Diminuir a individualidade e salientar que tudo tem que ser encarado como uma região”, frisa.
Renato vê, por parte das administrações municipais, o esforço em realizar um planejamento, porém, esbarram no imediatismo. “Não devem ser resolvidos somente os problemas atuais, é preciso pensar mais à frente. O planejamento precisa ter essa percepção da dinâmica da região como um todo, e temos muito o pensamento no agora. A agência tem um esforço grande para tentar, além de fazer com que as prefeituras percebam num prazo maior, também a questão da função pública de interesse comum, que é quando extrapola os limites do município. Violência não tem fronteira, da mesma forma que não posso dizer à população que não deixe Santana do Paraíso e venha para Ipatinga. A dinâmica da mobilidade urbana extrapola fronteiras”, pondera.
O gerente de Planejamento da agência, Cauan Lana, acredita que essa percepção tem mudado, também pelo esforço do ARMVA. “Uma coisa bacana é que vários municípios estão revendo os planos diretores municipais. Timóteo, por exemplo, e estamos acompanhando esse processo. Eles estão incluindo questões que são de caráter metropolitano e que até então não tinham. O plano de Coronel Fabriciano, aprovado recentemente, também aborda questões regionais. Paraíso está no processo de contratação de um plano novo e está dialogando com a gente nesse sentido.
Isso tudo é muito importante porque a legislação municipal tem que prever essas questões. O plano diretor, como instrumento principal de planejamento urbano da cidade, tem que trazer essas questões, esses instrumentos, tratar dessas questões públicas de interesse comum, que às vezes o município não dá conta de fazer sozinho”, avalia.
Renato Ferreira aponta que é impossível responder quais seriam as áreas que precisam de maior atenção. “Não tem como colocar saúde acima de segurança, ou educação acima de mobilidade, porque não são áreas comparáveis, cada uma tem sua urgência e a grande questão é definir o que é realmente prioridade. Em relação à mobilidade, podemos falar que é a concessão da BR-381, outro ponto é a discussão entre transporte público intermunicipal e metropolitano. Já dentro do desenvolvimento econômico é a atração de investimentos. E cada setor vai ter assuntos prioritários. O ponto é como a gente define o que é ou não”, conclui.
Por Bruna Lage, repórter do Diário do Aço
por Assessoria de Comunicação