Santana do Paraíso realiza festa do Tropeiro no próximo domingo
Santana do Paraíso vai receber comitivas de cavaleiros e turistas de várias cidades neste domingo (28) para a sua 2ª Festa do Tropeiro, evento que visa a homenagear aqueles que foram os principais responsáveis pelo desbravamento do município no final do Século XIX.
Publicado em 22/05/2017 15:06
O grupo de batuque do Achado resgata e preserva essa tradição cultural de origem africana
Santana do Paraíso vai receber comitivas de cavaleiros e turistas de várias cidades neste domingo (28) para a sua 2ª Festa do Tropeiro, evento que visa a homenagear aqueles que foram os principais responsáveis pelo desbravamento do município no final do Século XIX. A festa terá uma série de atrações na Área de Eventos do centro da cidade, durante todo o dia, como apresentações culturais e competições de animais e cavaleiros.
A Prefeitura de Santana do Paraíso vai montar uma estrutura para receber cavaleiros de várias cidades e a arena onde serão realizadas várias atividades, como o torneio de argolinhas, no qual os competidores, montados em cavalos, devem retirar, com a ponta de uma lança, pequenas argolas do tamanho de um anel presas a um poste por barbantes.
A Orquestra de Viola Caipira é outra atração da Festa do Tropeiro de Santana do Paraíso
A Festa do Tropeiro de Santana do Paraíso de 2017 será aberta no domingo às 9h, com a concentração das comitivas na Areia Grossa, zona rural do município. De lá, os cavaleiros sairão em desfile pelas ruas da cidade em direção à Área de Eventos. Durante todo o dia serão realizadas competições e apresentações gratuitas do grupo de batuque do distrito de Achado, prevista para as 13h, e da Orquestra de Viola Caipira do Vale do Aço, a partir das 17h. O evento é uma parceria com o Conselho Municipal de Turismo (Comtur).
RESGATE HISTÓRICO E CULTURAL
O resgate histórico e cultural é o objetivo principal da Festa do Tropeiro de Santana do Paraíso, a começar pelos antigos viajantes que, no lombo de mulas e cavalos, tinham a cidade como principal ponto de parada e de referência no transporte de cargas para a região hoje conhecida como Vale do Aço.
No fim do Século XIX, quando ainda se chamava Taquaraçu e era distrito de Ferros, Santana do Paraíso era o principal ponto de parada dos tropeiros que traziam mercadorias para a região. Vindas geralmente de Antônio Dias, as tropas passavam pelo Calado (Coronel Fabriciano) e Barra Alegre (Ipatinga) seguiam até o Achado, subindo a Serra do Chico Lucas e seguindo viagem em direção a Ferros.
O principal ponto de parada dos tropeiros era a cachoeira do Engelho Velho, no centro da cidade, próximo ao local onde hoje se situa a Prefeitura Municipal. Com isso, ao longo dos anos as tropas foram aumentando e a margem da cachoeira acabou se transformando num importante centro comercial. Esse legado é homenageado ainda com a criação do “Dia do Tropeiro”, por meio da Lei 790/15, e comemorado no sempre no último domingo de maio.
BATUQUE E VIOLA CAIPIRA
O batuque é outra tradição reverenciada na Festa do Tropeiro, com apresentação de um antigo grupo de Santana do Paraíso, que se mantém ativo nas comunidades do Achado e da Serra da Viúva, na zona rural do município. Trazido ao Brasil pelos negros no período colonial, o batuque é uma dança que tem o ritmo marcado pelos atabaques e tambores, que são acompanhados pelas batidas de pés e palmas.
O grupo de batuque do Achado “começou com os antigos, os mais velhos”, e atualmente é coordenado pela família de Antônio Jonas. O grupo, que utiliza uma caixa, um pandeiro e uma sanfona como instrumentos, se apresenta sempre em festas de família, em aniversários e casamentos, não só em Santana do Paraíso, mas também outras cidades.
Outra manifestação típica que terá destaque na Festa do Tropeiro de Santana do Paraíso é a Orquestra de Viola Caipira do Vale do Aço, grupo formado por quase 30 músicos, sob a regência do maestro José Mariano de Melo, que faz um trabalho de resgate da cultura caipira e reúne em seu repertório o melhor da música sertaneja de raiz.
O QUE É BATUQUE
De origem africana, o batuque é uma dança que compõe um ritual de fertilidade e que veio para o Brasil no período colonial, e que tem em Santana do Paraíso um dos poucos grupos de Minas Gerais. Preservado pela comunidade do Achado, o batuque é uma das principais manifestações folclóricas do município, que conta ainda com o congado de Nossa Senhora do Rosário e outros elementos da cultura afro-brasileira.
O batuque se desenvolve numa grande roda, onde os participantes fazem uma oração pedindo em favor da festa. Os dançarinos vão ao centro, em pares ou sozinhos, e executam passos improvisados, sendo que o requebrado dos quadris é constante e o ritmo é marcado pelos atabaques e tambores, acompanhado por batidas dos pés e palmas.
Os pares do batuque são organizados em duas fileiras para entrarem na “sala”, que é o nome dado à roda onde as pessoas ficam para dançar, encostando um ombro no do outro. No encerramento da dança, executa-se o “leva e traz”, onde os dançarinos, gingando de um lado a outro, se reencontram.
No batuque, os participantes são organizados em duas fileiras – uma de homens e outra de mulheres. Os passos possuem nomes específicos: “visagens” ou “micagens”, “peão parado” ou “corrupio”, “garranchê”, “vênia”, “leva-e-traz” ou “cã-cã”. Esses passos são executados com os pares soltos, que, saindo das fileiras, circulam livremente pelo “terreiro”.
por Assessoria de Comunicação