De engraxate a prefeito
Em seu segundo mandato consecutivo, depois de sofrer com enchente na rua do Buraco e falta de infra-estrutura no Industrial, Kim sonha com dias melhores para Santana do Paraíso
Publicado em 09/09/2011 13:00 - Atualizado em 09/09/2011 13:19
Em seu segundo mandato consecutivo, depois de sofrer com enchente na rua do Buraco e falta de infra-estrutura no Industrial, Kim sonha com dias melhores para Santana do Paraíso
Engraxate, sorveteiro, padeiro e prefeito.
Essas ocupações resumem a trajetória de dificuldades de Joaquim Correia de Melo, o Kim, prefeito de Santana do Paraíso desde 2004, mas mostram também sua tenacidade e fé para, como na vida, vencer na política e escrever seu nome na história do mais novo município da Região Metropolitana do Vale do Aço, emancipado no dia 28 de abril de 1992, depois de mais de um século como distrito de Conceição de Mato Dentro e Mesquita.
Kim é personagem da história não só de Santana do Paraíso, mas também de Ipatinga, primeira cidade em que morou com os pais e os irmãos desde que a família decidiu trocar a pequena Virgolândia pelo Vale do Aço. Nas duas cidades, fez amigos e construiu sua família e sua carreira política, inicialmente pelo PCdoB e depois pelo PT, seu atual partido.
“Sempre tive muita fé e, graças a Deus e à minha família, sempre tive coragem e dignidade para enfrentar os problemas”, define-se o prefeito de Santana do Paraíso, que, depois de algumas derrotas no início da carreira, elegeu-se em 2004 e reelegeu-se em 2008. No dia de sua primeira posse, ouviu da mãe uma revelação: desde criança ele sonhava em ser prefeito.
ENCHENTES
Logo após da chegada da família à região, Kim foi morar na rua São José, conhecida também rua do Buraco, em Ipatinga, que deixou de existir após a realização do projeto urbanístico “Novo Centro”. Lá, ele, os pais e os irmãos sofreram com a exclusão social e, principalmente, com as frequentes enchentes.
Por sinal, foi por causa de uma enchente, a de 1979, que devastou vários locais no Vale do Aço, que a família de Kim decidiu sair de Ipatinga. Naquele ano, após ver os vizinhos morrendo ou perdendo suas casas, o pai de Kim decidiu comprar um lote num bairro que começava a se formar, ainda que desordenadamente: o Industrial.
Com as economias de todos os membros da família, o pai de Kim comprou o lote, numa área sem nenhuma infra-estrutura, e em 15 dias eles colocaram a casa de pé. “Meu pai deu a entrada, meu irmão comprou os materiais de construção e eu assumi as mensalidades com a imobiliária. Depois, todos ajudamos a construir a casa”, lembra Kim.
Seus pais moram até hoje no mesmo lugar, perto de onde Kim construiu sua casa após unir-se à esposa Luzia, e onde mora até hoje. Entre seus projetos, desde o primeiro dia de governo, está o de dar ao Industrial melhor qualidade de vida. “Estamos investindo muito em obras, em toda a cidade, mas a minha rua continua sem asfalto, e o córrego localizado à sua margem continua sujo e fedendo. Aos poucos, vamos melhorando toda a cidade”, afirma.
Por que o senhor aconselharia uma pessoa a morar ou investir na sua cidade?
Aqui, como o próprio nome diz, é o Paraíso. Temos uma cidade muito bonita, com muitas belezas naturais, e um povo acolhedor e trabalhador. Estamos perto de grandes cidades e nossa qualidade de vida tem melhorado a cada dia. Além disso, para quem deseja investir, temos uma política séria, que respeita a iniciativa privada, e já contamos com grandes indústrias. Temos um Distrito Industrial estruturado, o mais antigo da região, sediamos o único aeroporto do Vale do Aço, um dos maiores de Minas Gerais, e estamos esperando um grande pacote de investimentos por parte da Usiminas, para construção de um novo aeroporto e de uma usina de placas. Motivos não faltam...
Quando o senhor chegou à cidade? Por quê?
Eu vim para o Paraíso, com a minha família, em 1979. Morávamos na rua do Buraco (rua São José), no centro de Ipatinga, e naquele ano teve uma grande enchente. Foi muita destruição. E a rua do Buraco foi o setor mais atingido. Eu trabalhei como engraxate e sorveteiro, e nessa época já trabalhava numa padaria. Um dia, após a enchente, meu pai reuniu todo mundo em casa e disse que não aguentava mais viver naquele local, e que iria comprar um lote ou um barraco. Depois ele ficou sabendo que estavam vendendo lotes no Industrial, que já era mais Ipatinga, mas bem perto, só que não tinha todo o dinheiro. Mal dava para a entrada do lote. Ele pediu nossa ajuda a pagar as prestações, e então, um irmão que até hoje trabalha na Usiminas, disse que compraria os tijolos, as telhas e o cimento. Da minha parte, como já trabalhava numa padaria, no bairro Horto, prometi ao meu pai que assumiria as prestações. Em 15 dias nós construímos a casa e mudamos. Meus pais estão até hoje na mesma casa.
Como era a cidade antes, e como é hoje?
É claro que ainda temos que melhorar muitas coisas, mas era muito pior. Antes, quando pertencia a Mesquita, a cidade vivia abandonada. Depois, apesar da emancipação, não mudou muita coisa, principalmente no Industrial. As ruas eram de terra, esburacadas, o esgoto corria a céu aberto, não tinha nem ônibus. As ruas eram tão ruins que não tinha acesso a muitos locais. Além disso, sempre havia alguém machucado, por causa de algum tombo ou de quedas em buracos. Essa situação foi criando um sentimento de mudança, por parte de toda a comunidade, até que a população decidiu confiar no nosso projeto para a cidade. Eu assumi a Prefeitura com muitas dívidas, que estão sendo pagas até hoje, sem nenhum crédito na praça e sem ter de onde tirar dinheiro. Sem promessas, conseguimos organizar a casa, terminamos obras que estavam abandonadas, como a Via Centro, calçamos e asfaltamos várias ruas, construímos casas populares, escolas e unidades de saúde, e hoje podemos dizer, com orgulho, que a população do Paraíso tem uma melhor qualidade de vida.
Qual o momento mais marcante da história da cidade?
A história do Paraíso é rica, a fé da nossa gente é inabalável. Mas prefiro citar um momento mais marcante para mim, uma coisa pessoal e que até hoje me emociona. Esse momento foi no dia da minha posse como prefeito, para o primeiro mandato. Minha mãe, que estava ao meu lado, me fez uma revelação. Ela contou que, quando tinha 7 anos de idade, eu disse que seria prefeito. A afirmação aconteceu quando eu a acompanhava, na tentativa de obter uma ajuda para minha irmã, na Prefeitura de Virgolândia. O prefeito fez pouco caso da gente, uma verdadeira humilhação, e então em disse à minha mãe que seria prefeito um dia, para acabar com essas injustiças. É o que vem tentando fazer.
Qual o lugar mais bonito da cidade? Qual o símbolo ou o local que o senhor considera um símbolo da cidade?
E difícil responder essa pergunta. Santana do Paraíso tem muitos lugares bonitos: cachoeiras, montanhas, trilhas, sítios... Não dá para ignorar que as cachoeiras são o nosso principal cartão postal, atraem muitas pessoas, de várias cidades, assim como a nossa Festa de Santana, que é também um momento de fé. Mas, se tivesse que resumiu tudo isso em um só lugar, diria que o lugar mais bonito, um importante símbolo do Paraíso, é o ‘coração’ da cidade. A praça da Matriz e a área de eventos, que receberam investimentos e obras de revitalização, são muito bonitas. É nesses locais que as pessoas se encontram, por variados motivos, seja para rezar ou para festejar. As obras de revitalização devolveram a alegria e a auto-estima à população.
Qual o futuro que o senhor imagina para Santana do Paraíso?
O melhor de todos. Enquanto todo o Vale do Aço cresceu, Santana do Paraíso ficou parada no tempo. Agora chegou a nossa hora. Já contamos com importantes empresas e entramos, definitivamente, na industrialização. A expectativa da população é grande para a construção de um novo aeroporto e de uma nova usina de placas, cujos investimentos já foram anunciados pela Usiminas. Isso vai trazer mais oportunidades, mais receitas para o município, que poderá reverter esses ganhos em mais benefícios para a população.
por Assessoria de Imprensa